Por Priscila Gonsales
Sem dúvida, San Francisco é uma cidade altamente inspiradora para quem quer arriscar sair da zona de conforto e deixar vir a ousadia. Em inglês, o termo seria “risk taker”, justamente para designar aqueles que acreditam piamente nas palavras do poeta de que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Listo aqui alguns dos projetos incríveis que conheci, cada um deles mereceria um post específico (quem sabe ainda faço):
– PariSoma, um coworking arrojado, organizado em dois andares independentes, porém integrados. Na parte de baixo, mesas de ping-pong se transformam em estações de trabalho coletivo durante o dia e, à noite, são dobradas e recolhidas para darem lugar a eventos, debates, exposições e cursos os mais variados. O piso de cima é reservado a equipes de uma mesma empresa e/ou instituição. Bolas de alongamento estão ali espalhadas para uma esticadinha básica durante o expediente.
– Women Who Code, coletivo de mulheres apaixonadas por tecnologia digital. Atualmente, elas já são mais de 2 mil e fazem encontros presenciais específicos sobre alguns temas e também promovem seus “talks” para que possam compartilhar projetos e experiências de trabalho. Um desses “talks” aconteceu no PariSoma no dia 10 de janeiro. E eu estava lá!
– Women 2.0 é mais uma iniciativa de mulheres inovadoras em tecnologia. Uma rede que reúne empreendedoras e potenciais financiadores e já conta com uma versão em Espanhol. Oferece encontros, competições e conferências como esta que será em fevereiro deste ano
– Dojo é uma start-up que nasce de uma ideia de associar tecnologia para estimular atitudes positivas em larga escala, a partir da motivação em rede. Praticar meditação, parar de fumar, comer salada, escrever um diário, telefonar para amigos, dizer a sua esposa que você a ama são algumas dessas atitudes disparadas por um app para celular. Seu idealizador, Jordy Mont-Reynaud, que já trabalhou em outras start-ups no Vale do Silício, como o Facebook, acredita no poder da tecnologia para alcançar milhões de pessoas e que inserir mais atitudes positivas no cotidiano delas pode ser mais fácil com a ajuda mútua de amigos dessa rede.
– DIY (Do It Yourself), esse na verdade foi descoberto aqui no Brasil pela minha parceira de trabalho Bianca Santana que, toda encantada, me “intimou” a visitar. E eu fui. Adorei. Me lembrei do projeto Minha Terra, uma rede social para escolas que fizemos no EducaRede de 2004 a 2011. O site, dirigido a crianças e jovens, funciona como um agregador de recursos interessantes, abertos e disponíveis na web, além de estimular que os usuários façam upload de suas próprias produções multimídias. Tudo em Creative Commons. A Daniela Silva, nossa consultora em dados abertos, aproveitou e já postou lá sua linda animação sobre o tamanho da Terra. “Awsome!”, foi o que ouvi da equipe DIY. Nós IED queremos trazer o DIY para o Brasil, traduzir e remixar. Ficamos de continuar essa conversa com eles 🙂
– California Academy Night Life é uma baladinha no museu. Sim, imagine ir a um museu à noite e aproveitar a exibição tomando um vinho ou outra bebidinha a escolher e ainda dançar ao som dos DJs espalhados pelos vários cantos do lugar, do aquário ao simulador de terremoto. Nunca tinha visto um jacaré branco antes, parecia estátua até, mas num certo momento, não é que ele andou? Super iniciativa para pensar no Brasil e atrair especialmente o público adolescente (claro que com refrigerantes e sucos!) para ir a museus e centros culturais, #ficaadica para as novas gestões municipais.
– Design Thinking for Educators é uma iniciativa da IDEO para educadores, agora em sua segunda edição licenciada em Creative Commons. A IDEO é uma das companhias mais referenciadas no mundo no tema inovação, que tem na abordagem do Design Thinking seu principal foco de trabalho junto a seus clientes, a maioria grandes empresas. O escritório de San Francisco é simplesmente demais, à beira da baía, lembra um coworking dos mais inspiradores. Sem divisórias entre as mesas de trabalho, cantinhos de reunião com sofás e pufes, guarda-bicicletas suspenso, post-its coloridos e lousas brancas por toda parte. Como trabalhamos aqui no Brasil com formação de educadores a partir do DT, já fechamos com eles uma tradução oficial do material para o Português, agora precisamos de empresas/pessoas interessadas em patrocinar.
– Carrotmob iniciativa que propõe atitudes em vez de boicotes e protestos contra empresas que não são socialmente responsáveis. Mobiliza um grande número de consumidores para adquirir determinado produto de uma empresa tendo como contrapartida dessa empresa a utilização de parte da verba em ações sustentáveis. Começou em San Francisco em 2008 e até hoje já realizou mais de 200 campanhas em 20 países.
– FunsheapSF é um site muito interessante com dicas de atividades e eventos baratos e gratuitos em San Francisco. Criado por um casal que tem seus respectivos empregos em tempo integral (ele designer, ela restauradora) e que mantém o site por pura paixão e com alguma publicidade para pagar os custos de manutenção. Foi lá que descobri, por exemplo, o SF Crowdfunding Launch Party um evento com artistas e designers que estão usando o crowdfunding para viabilizar seus produtos. Claro que já lembrei dos meninos do Catarse. Seria muito legal termos eventos periódicos como esse por aqui, com tantos projetos legais que estão conseguindo virar realidade nesses dois anos de vida do Catarse.
– Techshop uma espécie de hackerspace criado e mantido de forma coletiva e aberta para quem quiser participar. Uma mesma ideia pode gerar várias outras, esse é o princípio deles. Não tive a oportunidade de visitar pessoalmente ainda, infelizmente, pois fica um pouco afastado da cidade. Mas a Gabi Augustini foi no ano passado e escreveu esse post aqui.
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