Que tal planejar projetos e atividades irreverentes inspirados na vida e obra do astro da música pop mundial?
Sem dúvida, o mundo perdeu um pouco de ousadia, irreverência e talento musical com a morte do roqueiro britânico no início deste ano. Ídolo de muitas gerações, Bowie também exerceu forte influência não apenas na área cultural, mas também nos cenários político e social de uma época. É provável que o cantor, compositor e ator vá para o rol eterno de mitos como Elvis, no bordão “não morreu!”.
Parafraseando Let’s Dance, uma de suas obras mais famosas, faço um convite para um “Let’s Talk” sobre como podemos trazer a figura de Bowie para nossos projetos ou atividades de sala de aula. Mais do que incorporar váriaspersonas — mostrando ao pé da letra como vale a pena a gente se colocar no lugar de outras pessoas para compreender o que elas sentem, pensam ou fazem — Bowie ele mesmo também se adaptava aos vários contextos de seu tempo para criar seus sucessos. A própria canção Let’s Dance surgiu em um momento em que o rock dançante dos anos 80 despontava. Ele tinha o dom de observar e saber encontrar o que havia de melhor, em diversas áreas.
Que contexto temos hoje, por exemplo, no qual nossos estudantes vivem? O que meninas e meninos veem e escutam diariamente em suas famílias, amizades, nas mídias sociais digitais e — ainda bem considerável — nos meios de comunicação de massa? Do que gostam nossas crianças e jovens? Como poderíamos criar projetos educativos de sucesso para esse público?
Bowie pode ser inspiração pra atividades variadas de empatia relacionadas ou não ao currículo oficial. Imagine cada dia a turma vindo a caráter, representando um personagem específico ou uma personalidade de época relacionados a um conteúdo de estudo. Isso pode dar um tom lúdico ao aprendizado, independentemente da faixa etária.
Agora, pense também em Bowie como representante de pessoas que viveram um tempo marcado por fatos históricos fundamentais da humanidade. O Muro de Berlim foi cenário para a canção Heroes. Em vez de simplesmente enumerar eventos básicos e sucessivos para estudar o período da Guerra Fria, que tal falar sobre o assunto a partir de como vivia a população na época, de um lado e de outro do Muro? E também pessoas de outros países, quais percepções tinham daquele momento? Algo a ser destacado na ocasião em outras áreas como ciência e artes? Rende uma boa investigação! E construir uma linha do tempo como parte de uma gincana de “caça aos acontecimentos” pode ser uma ideia interessante!
Se os alunos já estão mais familiarizados com o audiovisual, ótima oportunidade para incentivar a produção com tecnologias digitais disponíveis. Vale lembrar que Bowie também ficou famoso por revelar todo o potencial da estética do videoclipe com o lançamento de Ashes to Ashes em 1980. E, anos mais tarde, por seu vanguardismo ao ser um dos primeiros artistas a liberar música para baixar na internet, como relatou a reportagemdo The Guardian.
Na exposição no MIS em São Paulo, em 2014, os visitantes puderam ver de perto vários símbolos e imagens que levam à reflexão sobre androginia, transexualidade, relações de gênero e diversidade sexual, temas para os quais Bowie já vinha chamando a atenção ao longo dos anos e que continuam sendo bem importantes para debater nas escolas.
Polêmicas e excessos também fizeram parte da vida de Bowie, como o vício em cocaína, que percorreu alguns anos de sua carreira. Ótimo gancho para um diálogo franco sobre drogas com adolescentes e comunidade escolar, problematizando questões de saúde, redução de danos e fatores sociais.
Com tantas possibilidades, parece evidente que experimentar, testar e prototipar foram atitudes constantes no legado de Bowie. Portanto, o convite agora é “Let’s Try”, ou seja, mão na massa para redesenhar nossas propostas de ensino e aprendizagem sob novas perspectivas!