“Qual a senha do wifi?”, perguntou o pequeno cidadão, assim que entrou com os pais no restaurante, já preparado com o celular em mãos para digitar a resposta. De olhar atento e sapato de luz que pisca, não tinha mais que 8 anos de idade. Cenas como essa podem até ser graciosas e nos fazer pensar à luz da sociedade digital que as crianças estão ficando mais “espertas”. Só que não. Acessar, usar e postar na internet não são simples brincadeira.
Pesquisas sobre o tema estão apontando que a situação requer, na verdade, muita atenção por parte de mães, pais e educadores. A Kids Online 2016mostrou que 82% das crianças e adolescentes entre 9 e17 anos entram regularmente na internet, sendo que o telefone celular é o meio de acesso principal, 91% (!!!). Seja em família ou na escola, é comum surgirem conversas (e preocupações) sobre o tempo que crianças e adolescentes ficam diante das telas digitais e o que esse comportamento pode provocar em termos de desenvolvimento cognitivo, claro, mas também pode causar desatenção, irritabilidade e até riscos.
O relatório de impacto DQ 2018, realizado pelo Fórum Econômico Mundial, divulgado em fevereiro, mostrou que mais da metade (56%) das crianças entre 8 e 12 anos está exposta a ameaças digitais, como ciberbullying, vício em videogames e comportamento sexual on-line, em um cenário denomidado “pandemia de risco cibernético”. O estudo, realizado com 34 mil crianças de 29 países, revela que 47% delas foram vítimas de ciberbullying no ano passado, 17% tiveram algum comportamento sexual on-line e 10% conversaram com estranhos nas redes e marcaram encontros presenciais. O relatório ainda traz uma previsão alarmante: cerca de 260 milhões de crianças em todo o mundo estão envolvidas com “ciberriscos”, número que deverá aumentar para 390 milhões até 2020.
Diante desse cenário, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) organizam, no dia 7 de agosto, em São Paulo, o 3º Workshop “Impactos da Exposição de Crianças e Adolescentes na Internet”, para compartilhar informações e orientações sobre o papel da escola e da família na educação de crianças e adolescentes sobre o uso da internet. O evento é gratuito e aberto ao público, basta fazer a inscrição. Também haverá transmissão ao vivo para quem estiver fora de São Paulo.
Para a gerente da Assessoria Assessoria Jurídica do NIC.br e coordenadora do workshop, Kelli Angelini, os temas da 3ª edição foram organizados a partir de conversas com educadores e pais, contemplando as questões mais atuais em relação ao uso da internet. “Um dia para trocar experiências e fomentar a importância do diálogo nas escolas e lares”, ressalta Kelli.
Vou participar como moderadora do painel sobre educação para uso consciente e responsável da Internet na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com Cristina Sleiman da OAB/SP e Rodrigo Nejm, da Safernet. Vale conferir toda a programação que está bastante rica, passando pelos impactos dos chamados “influenciadores digitais” até dependência da tecnologia e comportamentos invasivos como “cyberbullying” e circulação de “nudes”.
Agenda
3º Workshop “Impactos da exposição de crianças e adolescentes na Internet”
Data: 7 de agosto (terça-feira)
Horário: a partir das 9h
Local: Blue Tree Premium Morumbi
Av. Roque Petroni Junior, 1000 — Brooklin Novo, São Paulo — SP
Inscrições: http://workshopexposicaonainternet.nic.br
Evento gratuito / Vagas limitadas
Endereço da transmissão web: https://www.youtube.com/NICbrvideos