Mesmo em um momento bastante complexo no cenário político brasileiro, tema ganhou repercussão na mídia com evento internacional em Brasília que reuniu especialistas internacionais, pesquisadores e gestores públicos
Um ano mais que turbulento no cenário político brasileiro, marcado por muitas reviravoltas em projetos que há tempos consolidavam o Brasil como um país avançado na garantia de direitos humanos e liberdade de expressão. A maioridade penal aos 18, estabelecida pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), chegou a ser reduzida na Câmara, mas felizmente, vetada pelo Senado. O Marco Civil da Internet, documento que garante direitos e deveres do usuário aprovado em 2014, e que ainda precisa de regulamentação, levou um golpe de um grupo de deputados interessados em punir postagens na web que falem mal de políticos, conhecido como PL Espião, continua tramitando. Ainda tivemos a aprovação pela Câmara do Estatuto da Família, ignorando as relações entre pessoas homossexuais e outras configurações possíveis. Sem falar das metas do Plano Nacional de Educação, também aprovado em 2014, que não foram cumpridas.
Por outro lado, terminamos 2015 com uma ação cidadã das mais importantes dos últimos tempos, protagonizada por jovens estudantes de escolas estaduais paulistas, para protestar contra uma política “top-down” de reorganização de escolas pelo governo do estado. Os alunos criaram o movimento #ocupaescola e estão dando aula de política e cidadania para a toda a sociedade, com apoio dos pais e de grande parte da comunidade, que vem se mobilizando de várias formas para manifestar seu descontentamento com a falta de diálogo por parte da gestão pública. Movimentos em outros estados como Goiás, começam a acontecer.
Nesse cenário todo, nosso ano foi intenso de projetos e atividades e trouxe alguns marcos fundamentais para a pauta da Educação Aberta e dos Recursos Educacionais Abertos, como a realização do Seminário Internacional, em agosto, no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em Brasília. A iniciativa e organização foram das comissões de Educação e Cultura da Câmara, depois de um trabalho intenso de advocacy que fizemos desde o início do ano via Projeto REA.br. Cerca de 200 pessoas estiveram presentes e acompanharam online pela transmissão da TV Câmara. Um dos pontos altos foi a palestra magna de Hal Plotkin, que implementou a política pública de educação aberta do governo Obama, que vem investindo fortemente na área. Durante o evento, equipes do Laboratório Hacker da Câmara e do Ônibus Hacker analisaram dados sobre compras públicas de recursos educacionais da pasta da educação, cruzando com dados avaliativos como o IDEB, chegando a uma visualização que mostrou que estados que recebem mais livros didáticos não tem, necessariamente, os melhores índices na avaliação oficial. O Projeto de Lei 1513/2011, de autoria do deputado Paulo Teixeira, sobre contratação e subvenção públicas de obras educacionais, recebeu parecer favorável da relatora deputada Margarida Salomão nas comissões de Cultura e Educação.
No mesmo período em Brasília, participamos de uma reunião sobre governo aberto organizada pela Secretaria Geral da Presidência da República e alguns ministérios para ouvir a experiência de nossos convidados, além de Hal Plotkin, Nicole Allen e Jan Gondol, do Open Governmet Partnership.
Em São Paulo, ainda sob o tema da educação aberta, fizemos a curadoria do Fórum ARede.educa , que trouxe o debate sobre como podemos garantir o conhecimento livre e aberto na educação básica e ensino superior, com a apresentação de projetos educacionais como o Edukatu, voltado para professores e alunos, pesquisas acadêmicas e práticas internacionais de REA. Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, também esteve presente e ressaltou que para as duas metas do PNE (Plano Nacional de Educação) que apontam para REA sejam de fato implementadas, vai ser preciso muita pressão da sociedade.
Nossa equipe também teve a oportunidade de realizar uma formação teórica e prática para gestores técnicos da Capes e seus parceiros, vislumbrando em tornar o Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB) de fato uma iniciativa aberta, possibilitando que escolas tenham acesso aos conteúdos produzidos pelas universidades participantes do Programa. Hoje o licenciamento está a cargo de alguns setores dessas universidades que iniciam seus próprios regulamentos institucionais em prol da causa da educação aberta.
Em fevereiro, fizemos formação de docentes da Unisul, em Florianópolis. envolvidos em projetos de educação aberta e REA, além de palestra para todos os professores das unidades de ensino. Na Campus Party Brasil trabalhamos educação aberta com alunos do projeto Imprensa Jovem da SME-SP, que entrevistaram participantes para saber o quanto eles conheciam sobre o tema. Em uma parceria com PUC-SP, fizemos um encontro com a comunidade REA do Brasil, pela primeira vez uma facilitação usando Design Thinking para pensar soluções para alguns dos principais desafios envolvendo práticas, comunicação e políticas públicas. Estreamos a coluna Livre Saber, no Portal ARede.educa, com artigos sobre o tema da educação aberta.
Design Thinking para Educadores
Um ano bem importante para a consolidação e a expansão da nossa iniciativa do Design Thinking para Educadores (DT) com a realização de várias oficinas presenciais básicas ao longo do ano, para o público em geral, com o apoio de parceiros como AASP, Instituto Alana, Colégio Pedro II Rio de Janeiro, Impact Hub Curitiba e Énois Conteúdo. Acreditando na estratégia de crescer no coletivo e praticar a cultura da abundância, criamos o primeiro curso online no tema em Língua Portuguesa, para formação de facilitadores, lançado em setembro para que mais pessoas possam se apropriar da abordagem no contexto educacional. Usamos o Moodle, um software livre, e desenvolvemos atividades em que os participantes pudessem também produzir conteúdo. Agora, além de SP, já temos novos facilitadores formados dos estados de MG, SC, BA e RS.
Usando o DT em workshops customizados, fizemos a facilitação de um encontro de parceiros da Associação Brasileira de Educação Financeira (AEF), envolvendo entidades do setor financeiro e Ministério da Educação na prototipagem de estratégias para o desafio de disseminar o conceito e a prática da educação financeira pelas escolas de forma interdisciplinar. No seminário da Fiocruz, planejamos e conduzimos uma roda de conversa sobre empatia, colaboração e experimentação na cultura digital. Também, em parceria com a Ashoka Brasil e o Instituto Conceição Moura, reunimos pessoas da cidade pernambucana de Belo Jardim para pensar melhorias importantes para o município por meio da mobilização dos próprios moradores.
Em formação especial para equipes e grupos, trabalhamos com o Instituto Natura, a Escola do Futuro da USP, o Programa Acessa SP, o Programa Infanto-Juvenil da Unb, a Universidade de Vila Velha, a SME de Ijuí (RS) e a FGV-SP, com o objetivo de apresentar a abordagem e as possibilidades de uso pelos profissionais dessas instituições em seus próprios projetos. E, para a Fundação Sirotsky, realizamos a formação de escolas da rede pública de SC e RG, como uma das etapas do Game Logus – A Saga, uma ação fantástica, que nos trouxe uma alegria especial por ter professores e alunos juntos exercitando a empatia um com o outro e trocando ideias para criar soluções possíveis para seus problemas cotidianos, muitos deles relacionados ao uso de tecnologias digitais em sala de aula.
Dentre os eventos que participamos ao longo do ano, destacam-se o IX CODAIP, tradicional sobre Direito Autoral e Interesse Público da Universidade Federal do Paraná, no qual apresentamos um panorama do movimento REA no Brasil, e ganhamos um scholarship para ir ao Big Ideas Fest, realizado em San José na Califórnia, sobre o uso do Design Thinking na educação.
Público beneficiado
Em 5 anos de fundação do Educadigital completados agora em dezembro de 2015, já beneficiamos mais de 15 mil pessoas de várias partes do Brasil, veja aqui a tabela atualizada.
E que venha 2016!
🙂
Artigos e notícias sobre o seminário REA:
Porvir
Undime
LabHacker
Inesc
Andi
ARede.educa
Sala.org – Entrevista com Priscila Gonsales
EBC – acompanhe ao vivo
EBC – onde encontrar REA
EBC – entenda o que são
Site REA – sobre o seminário
Site REA – quem são os convidados
Site REA – faça sua inscrição
Site REA – ônibus Hacker em Brasília
Site REA – íntegra do Seminário
Site REA – carta ao ministro da Educação e às comissões de Educação e Cultura