Pela primeira vez, a convite do Instituto Educadigital e da Open Society Foundations, o Ministério da Educação brasileiro esteve presente em encontro global para compartilhar experiências e cocriar estratégias comuns envolvendo questões regulatórias e de implementação técnica
De 11 a 15 de abril, a cidade polonesa Cracóvia, sediou, além do tradicional evento de educação aberta OEC Global, o primeiro OER Policy Forum, que reuniu cerca de 60 representantes da sociedade civil e governo de 30 países, para compartilhar experiências em educação aberta e REA e cocriar estratégias comuns a partir dos seguintes eixos: formação de docentes, interoperabilidade técnica de plataformas de recursos digitais, licenças flexíveis, alianças internacionais, dentre outras. O objetivo do evento, que deve ocorrer anualmente a partir de agora, é construir alicerces para o desenvolvimento de estratégias e definição de caminhos coletivos para uma maior adoção de REA.
O Instituto Educadigital (IED), como sociedade civil, tem marcado presença na maioria dos eventos internacionais sobre o tema, que também conta com a participação frequente de pesquisadores de departamentos específicos de universidades brasileiras. Com apoio financeiro da Open Society Foundations, e equipe IED convidou o coordenador-geral de Mídias e Conteúdos Digitais do MEC, Marcos Toscano, que vem se dedicando ao desenvolvimento de uma política de educação aberta para a área.
Nosso anfitrião e organizador da primeira edição do OER Policy Forum foi Alek Tarkovski, co-fundador do Creative Commons Polônia e diretor do Centrum Cyfrowe, entidade que vem realizando um trabalho de advocacy em prol da causa REA junto ao governo da Polônia. Atualmente, o país da Europa Central é pioneiro no mundo em criar uma política pública de livros didáticos abertos.
A pauta foi planejada a partir de perguntas comuns a todos os presentes: Como nosso trabalho tem sido feito para alcançar plenamente o potencial de Recursos Educacionais Abertos (REA) na educação? Será que só precisamos de livros que os pais e os alunos não têm de pagar, ou precisamos de educadores e alunos se envolvendo ativamente com recursos e experimentando novas pedagogias? Basta que os recursos estejam disponíveis gratuitamente ou também de forma aberta?
Mesmo ainda muito forte no Brasil, a discussão sobre “gratuito” e “aberto” nem sempre é a mais importante. Como vários dos presentes no evento mencionaram, e tem sido um tópico bastante debatido nos eventos internacionais, estamos em um momento em que é preciso que tenhamos objetivos pedagógicos mais efetivos em relação ao uso e produção de REA e a consequente melhoria nas práticas educacionais cotidianas. Recomendamos a leitura do artigo do Alek Tarkovski, em inglês.
É muito confortante ver que cinco anos depois, o foco da formação e qualidade na educação tomam lugar de destaque na pauta. Desde 2011, quando assumiu o projeto REA.br, financiado pela Open Society Foundations, o Educadigital tem reforçado essa pauta se dedicado em desenvolver ações e iniciativas voltadas para a formação de docentes e gestores públicos, a partir da premissa que não basta termos leis, decretos e demais marcos regulatórios que determinem que todo material educacional financiado com dinheiro público seja de fato público. É fundamental ir além e de fato considerar o foco nos usuários (professores e estudantes) e as mudanças de qualidade nos processos de ensino e de aprendizagem que essa adoção pode gerar. E, claro, fundamental também formar gestores públicos e implementadores de políticas educacionais para que possam entender a importância da educação livre e aberta que queremos. Por isso, em parceria com a Cátedra da Educação Aberta da Unicamp, vamos elaborar um Guia de Educação Aberta para Gestores Públicos e você pode apoiar aqui!