
O documento foi utilizado como material preparatório de workshop interdisciplinar organizado por ambas as instituições acadêmicas com apoio do Newton Fund e da FAPESP
Para debater o novo contexto da inclusão digital e dos letramentos digitais emergentes no Brasil contemporâneo, o Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, em parceria com a Universidade de Bristol, realizaram workshop interdisciplinar nos dias 13 a 15 de julho de 2021. Com financiamento do British Council-FAPESP Researcher Links, o evento teve o objetivo de estimular vínculos de longo prazo entre pesquisadores do Reino Unido e de universidades do Estado de São Paulo, bem como contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional dos participantes.
O workshop reuniu dezenas de pesquisadores com até 10 anos de doutorado, convidados a discutir seus estudos atuais com pesquisadores estabelecidos na área e também representantes de organizações da sociedade civil (OSC) brasileiras que trabalham com inclusão digital no Brasil.
No intuito de ampliar o alcance da iniciativa e inspirar ainda mais novos diálogos e trabalhos de advocacy sobre o tema, o relatório preparatório está disponível para download. O documento foi financiado pela Research England’s Quality-related Research Strategic Priorities Funding e produzido sob uma Licença Creative Commons por Priscila Gonsales, fundadora e diretora da OSC Educadigital, cuja missão há 10 anos é contribuir para novas oportunidades de aprendizagem em uma sociedade em constante transformação, com foco na educação aberta, e na defesa dos direitos digitais.
O relatório preparatório abrange um estado da arte sobre os conceitos de “inclusão digital” e “letramento digital” atualmente válidos nas instituições públicas e no terceiro setor no Brasil. Traz também um panorama do cenário atual da cultura digital, ou seja, um cenário fortemente marcado por plataformas de comunicação, dadificação, algoritmos de IA, vigilância, populismo digital, desinformação sistemática, além da ocupação de espaços cívicos e institucionais por oligopólios empresariais.

Entre vários aspectos relacionados ao atual momento brasileiro, o relatório destaca que o acesso à internet no país tem sido feito por telefone celular, ou seja, o celular é o principal dispositivo de acesso à internet. Boa parte da população utiliza um plano mensal de dados pré-pagos, assim, quando o plano termina, as pessoas têm acesso somente às redes sociais como Facebook e Whatsapp, que pertencem à mesma empresa.
Outro ponto destacado é a educação pública que tem se mantido à parte da discussão de políticas de cultura digital, tais como, apropriação de ambientes tecnológicos e, especialmente, questões relacionadas à construção de marcos legais, tais como, Marco Civil da Internet, reforma dos direitos autorais e Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Durante a pandemia, universidades públicas e secretarias de educação intensificaram a adoção de plataformas das BigTechs sem a devida preocupação com a proteção de dados de estudantes e docentes.
O relatório também traz exemplos de casos recentes sobre cultura digital, estudos acadêmicos sobre vigilância na educação, projetos de divulgação científica e iniciativas de organizações sociais cobrindo temas da atualidade, tais como, conscientização anti-racismo e anti-discriminação, agenda feminista, dentre outros.
